Prevalência de Disfunção Renal Crônica no Pós-Transplante Hepático em um Serviço no Espírito Santo

Autores

  • Mariana Poltronieri Pacheco Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – Curso de Medicina – Vitória (ES) – Brazil|Hospital Meridional Cariacica – Cariacica (ES) – Brazil. https://orcid.org/0000-0002-3932-3195
  • Ana Carolina Main Lucas Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – Curso de Medicina – Vitória (ES) – Brasil. https://orcid.org/0009-0002-5906-1417
  • Letícia Scopel Miossi Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – Curso de Medicina – Vitória (ES) – Brasil. https://orcid.org/0000-0002-3882-0907
  • Lara Pin Venturini Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – Curso de Medicina – Vitória (ES) – Brasil. https://orcid.org/0000-0002-5338-4509
  • Livia Zardo Trindade Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – Curso de Medicina – Vitória (ES) – Brasil|Hospital Meridional Cariacica – Cariacica (ES) – Brasil. https://orcid.org/0000-0003-3671-2299

Palavras-chave:

Transplante de fígado, Insuficiência renal crônica, Transplante de órgãos

Resumo

Introdução: A prevalência de doença renal crônica em pacientes pós-transplante hepático é alta e amplamente variável, 35% a 77%, dependendo da definição e da metodologia utilizada nos estudos. Apesar do aumento no número de transplantes realizados mundialmente, os dados da literatura sobre desfechos e complicações de longo prazo no pós-transplante permanecem escassos, principalmente no Brasil. Objetivos: Avaliar uma coorte regional após seguimento pós-transplante mínimo de 2 anos para verificar a prevalência de doença renal crônica. Métodos: Estudo retrospectivo, unicêntrico, descritivo e longitudinal das ocorrências de doença renal crônica no pós-transplante hepático. Os pacientes foram avaliados na consulta imediatamente anterior ao transplante (tempo 0) e na consulta 2 anos após (tempo 2). Resultados: Dos 163 prontuários analisados, verifica-se que a classificação de doença renal crônica no tempo 0 e no tempo 2 foram, respectivamente, em estágio 1: 55,56% e 32,10%; estágio 2: 34,72% e 46,91%; estágio 3: 8,33% e 16,05%; estágio 4: 1,39% e 2,47%; e estágio 5: 0% e 2,47%. Houve associação significativa entre a creatinina no tempo 0 e a no tempo 2, com o ponto de corte de 1,5 mg/dL. No que tange à doença renal crônica, em 24 meses, 20,99% da amostra apresentavam doença renal crônica propriamente dita. Conclusão: A creatinina aumentou do tempo 0 para o tempo 2, tendo como ponto de corte 1,5 mg/dL, valor significativo no contexto do prognóstico do paciente. Ocorreu piora da função renal e categorização dos pacientes 2 anos após o transplante em categorias mais graves de disfunção renal crônica quando comparadas ao tempo 0. A prevenção e identificação precoce da disfunção renal no transplantado têm impacto na sobrevida do paciente e do enxerto, tornando-se uma importante medida a ser tomada no seguimento desses pacientes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

1. Charlton MR, Wall WJ, Ojo AO, Ginés P, Textor S, Shihab FS, et al. Report of the first international liver transplantation society expert panel consensus conference on renal insufficiency in liver transplantation. Liver Transplant, 2009; 15(11): S1-34.https://doi.org/10.1002/lt.21877

2. Varo E, Bañares R, Guilera M. Underestimation of chronic renal dysfunction after liver transplantation: ICEBERG study. World J Transplant, 2015; 5(1): 26. https://doi.org/10.5500/wjt.v5.i1.26

3. Thoefner LB, Rostved AA, Pommergaard HC, Rasmussen A. Risk factors for metabolic syndrome after liver transplantation: a systematic review and meta-analysis. Transplant Rev, 2018; 32(1): 69-77. https://doi.org/10.1016/j.trre.2017.03.004

4. Peng J-C, Li Y-J, Wang J-M, Zhu M-L, Gao Y. Incidence of chronic kidney disease after orthotopic liver transplantation in a Chinese cohort. Clin Exp Nephrol, 2020; 24(9): 806-12. https://doi.org/10.1007/s10157-020-01910-y

5. Rasaei N, Malekmakan L, Mashayekh M. Chronic kidney disease following liver transplant: associated outcomes and predictors. Exp Clin Transplant, 2022; 2: 93-103. https://doi.org/10.6002/ect.2022.0288

6. Ojo AO, Held PJ, Port FK, Wolfe RA, Leichtman AB, Young EW, et al. Chronic renal failure after transplantation of a nonrenal organ. NEJM, 2003; 349(10); 931-40. https://doi.org/10.1056/NEJMoa021744

7. Salvalaggio PR, Caicedo JC, de Albuquerque LC, Contreras A, Garcia VD, Felga GE, et al. Liver Transplantation in Latin America: the state-of-the-art and future trends. Transplantation, 2014; 98(3): 241-6. https://doi.org/10.1097/TP.0000000000000198

8. Stevens PE, Levin A. Evaluation and management of chronic kidney disease: synopsis of Kidney Disease: Improving Global Outcomes 2012 clinical practice guideline. Ann Intern Med, 2013; 158(11): 825-30. https://doi.org/10.7326/0003-4819-158-11-201306040-00007

9. Herrero JI, Cuervas-Mons V, Gómez-Bravo MÁ, Fabregat J, Otero A, Bilbao I, et al. Prevalence and progression of chronic kidney disease after liver transplant: a prospective, real-life, observational, two-year multicenter study. Rev Esp Enfermedades Dig, 2018;110(9): 538-43. https://doi.org/10.17235/reed.2018.5431/2017

10. Kang GW, Lee IH, Ahn KS, Kim JD, Kwak SG, Choi DL. One-year follow-up of the changes in renal function after liver transplantation in patients without chronic kidney disease. Transplant Proc, 2016; 48(4): 1190-3. https://doi.org/10.1016/j.transproceed.2016.02.013

11. Nishi H, Shibagaki Y, Kido R, Tamura S, Nangaku M, Sugawara Y, et al. Chronic renal outcome after living donor liver transplantation. Clin Transplant, 2013; 27(1): 90-7. https://doi.org/10.1111/ctr.12013

12. Bittencourt PL, Farias AQ, Couto CA. Liver transplantation in Brazil. Liver Transpl, 2016; 22(9): 1254-8. https://doi.org/10.1002/lt.24487

13. Stevens LA, Levey AS. Measured GFR as a confirmatory test for estimated GFR. J Am Soc Nephrol, 2009; 20(11): 2305-13. https://doi.org/10.1681/ASN.2009020171

14. Haddad L, Cassenote AJF, Andraus W, de Martino RB, Ortega NR de S, Abe JM, et al. Factors associated with mortality and graft failure in liver transplants: a hierarchical approach. PLoS One, 2015; 10(8): e0134874. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0134874

15. VanWagner LB, Holl JL, Montag S, Gregory D, Connolly S, Kosirog M, et al. Blood pressure control according to clinical practice guidelines is associated with decreased mortality and cardiovascular events among liver transplantation recipients. Am J Transplantation, 2020; 20(3): 797-807. https://doi.org/10.1111/ajt.15706

16. Weber ML, Ibrahim HN, Lake JR. Renal dysfunction in liver transplant recipients: evaluation of the critical issues. Liver Transplant, 2012; 18(11): 1290-301. https://doi.org/10.1002/lt.23522

17. Gojowy D, Kubis P, Gorecka M, Karkoszka H, Wiecek A, Adamczak M. Chronic kidney disease in patients after liver transplantation: a long-term retrospective analysis from 1 transplantation center. Transplant Proc, 2020; 52(8): 2492-6. https://doi.org/10.1016/j.transproceed.2020.02.081

18. Piano S, Rosi S, Maresio G, Fasolato S, Cavallin M, Romano A, et al. Evaluation of the acute kidney injury network criteria in hospitalized patients with cirrhosis and ascites. J Hepatol, 2013; 59(3): 482-9. https://doi.org/10.1016/j.jhep.2013.03.039

19. Pacheco MP, Carneiro-D’Alburquerque LÁ, Mazo DF. Current aspects of renal dysfuction after liver transplantation. World J Hepatol, 2022; 14(1): 45-61. https://doi.org/10.4254/wjh.v14.i1.45

20. Centers for Disease Control and Prevention. Prevalence of chronic kidney disease and associated risk factors – United States, 1999-2004. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2007 [cited Jun 2025 18]; 56(8): 161-5. Available from: https://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/mm5608a2.htm

Publicado

2025-12-15

Como Citar

1.
Pacheco MP, Lucas ACM, Miossi LS, Venturini LP, Trindade LZ. Prevalência de Disfunção Renal Crônica no Pós-Transplante Hepático em um Serviço no Espírito Santo. bjt [Internet]. 15º de dezembro de 2025 [citado 16º de dezembro de 2025];28. Disponível em: https://bjt.emnuvens.com.br/revista/article/view/728

Edição

Seção

Artigo Original