Panorama Geral das Causas de Não Eficácia e Não Consentimento Familiar na Doação de Órgãos no Estado do Rio Grande do Sul

Autores

Palavras-chave:

Transplante de Órgãos, Dar Más Notícias, Morte Encefálica, Taxas de Doação

Resumo

Introdução:  Este estudo ecológico analisou as causas de falha na doação de órgãos e recusa familiar no estado do Rio Grande do Sul (RS) de 2017 a 2023. Objetivo:  Utilizando dados das centrais de transplantes do estado, o estudo teve como objetivo identificar fragilidades no sistema de transplantes e sugerir melhorias. Métodos:  A análise estatística comparou as taxas de conclusão de doação [em per million population (pmp)/ano] e de recusa familiar entre RS, Santa Catarina (SC) e Brasil. Resultados:  RS teve taxas de conclusão de doação significativamente menores (20,3 ± 4,8) do que SC (42,3 ± 2,7), embora as taxas tenham sido semelhantes à média nacional (17 ± 1,6). A recusa familiar também foi maior no RS (27,9% ± 2,7%) do que em SC (22% ± 3,3%) (p = 0,003). No RS, a principal causa de insucesso da doação foi a recusa familiar (27,93% ± 2,53%), seguida de contraindicações médicas (17,64% ± 5,92%). O total de causas de não efetivação aumentou até 2021 (75%) e reduziu até 2024 (67%). Os principais motivos para a recusa familiar incluíram o fato de o falecido não ser um doador registrado e a oposição da família. Conclusão:  O estudo conclui que a recusa familiar é uma barreira importante para a doação efetiva de órgãos no RS. Recomenda-se o treinamento de profissionais para dar más notícias e a adoção de estratégias do modelo espanhol para melhorar as taxas de doação e a eficácia do sistema.

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Publicado

2025-07-21

Como Citar

1.
Savaris DF, Lara DM, Arend RB, Valério N da R, Kauer VLF. Panorama Geral das Causas de Não Eficácia e Não Consentimento Familiar na Doação de Órgãos no Estado do Rio Grande do Sul. bjt [Internet]. 21º de julho de 2025 [citado 22º de julho de 2025];28. Disponível em: https://bjt.emnuvens.com.br/revista/article/view/702

Edição

Seção

Artigo Original