Existe Ainda um Papel para a Citologia Urinária no Transplante Renal? Relato de Experiência em um Hospital Universitário

Autores

  • Ana Luisa Figueira Gouvêa Universidade Federal Fluminense – Hospital Universitário Antônio Pedro – Departamento de Patologia – Niterói – Rio de Janeiro, https://orcid.org/0000-0003-1179-200X
  • Fabiana Rabe Carvalho Universidade Federal Fluminense – Hospital Universitário Antonio Pedro – Laboratório Multiusuário de Apoio à Pesquisa em Nefrologia e Ciências Médicas – Niterói – Rio de Janeiro, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-4713-233X
  • Ana Lucia Rosa Nascimento Universidade Estadual do Rio de Janeiro – Instituto de Biologia Roberto Alcântara – Departamento de Histologia e Embriologia – Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-9273-7362
  • Rachel Ingrid Juliboni Cosendey Universidade Estácio de Sá – Instituto de Educação Médica – Campus Vista Carioca – Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-3448-1231
  • Camila de Melo Carvalho Nascimento Universidade Federal Fluminense – Hospital Universitário Antonio Pedro – Laboratório Multiusuário de Apoio à Pesquisa em Nefrologia e Ciências Médicas – Niterói – Rio de Janeiro, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-0846-7380
  • Jorge Reis Almeida Universidade Federal Fluminense – Hospital Universitário Antonio Pedro – Laboratório Multiusuário de Apoio à Pesquisa em Nefrologia e Ciências Médicas – Niterói – Rio de Janeiro, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-6155-7978

Palavras-chave:

Análise do Sedimento Urinário, Transplante de Rim, Infecções Oportunistas, Diagnóstico, Citologia, Monitoramento

Resumo

Introdução: A citologia urinária tem sido utilizada como estratégia de monitoramento dos pacientes transplantados renais, que vivem sob crônica imunossupressão, por ser um método não invasivo e de baixo custo. A detecção precoce de infecções pode prevenir possíveis disfunções e perda do enxerto. No entanto, a sua utilização tem decrescido. Métodos: Realizamos um estudo prospectivo em amostras de urina provenientes de 29 pacientes consecutivos, submetidos ao transplante renal ao longo de um período contínuo de 17 meses, coletadas durante seu primeiro ano pós-transplante. Um mesmo técnico preparou as amostras por citocentrifugação, coloração de Papanicolaou e um único patologista as analisou. Amostras positivas para “decoy cells” (DCs) foram preparadas por dois outros técnicos, para análise por microscopia de contraste de fase, estudo ultraestrutural e imunofluorescência (antígeno T SV40). Resultados: Foram avaliadas 252 amostras de urina de 26 pacientes. Duas amostras consecutivas (0,8%) dentre cinco, de uma mesma paciente (3,8%), referentes à quarta e quinta semana pós-transplante, apresentaram lesão intraepitelial escamosa de baixo grau; na amostra referente ao sexto mês pós-transplante foram detectadas apenas raras células epiteliais com atipias de significado indeterminado (0,4%); o posterior exame ginecológico da paciente e teste de Papanicolaou não revelaram alterações. Pseudohifas e esporos fúngicos foram encontrados em cinco amostras (2,0%) de quatro pacientes (15,4%). Trichosporon sp. foi identificado na urina de um desses pacientes. Decoy cells foram detectadas em 25 amostras (9,9%) de seis pacientes (23,1%). Dois pacientes tiveram eliminação sustentada de DCs; um deles, apresentando esfregaço de fundo sujo, desenvolveu Nefropatia associada ao poliomavírus. O estudo ultraestrutural das DCs mostrou partículas virais icosaédricas. A imunofluorescência (antígeno T SV40) foi positiva nos núcleos das DCs. A análise por microscopia de contraste de fase foi bem-sucedida em amostras com numerosas DCs. Conclusão: A citologia urinária sistemática após o transplante é útil na detecção de alguns sinais de infecção. Pacientes com eliminação sustentada de DCs e esfregaços de fundo sujo merecem atenção clínica especial. A microscopia eletrônica e a imunofluorescência (antígeno T SV40) são técnicas alternativas para detectar a reativação do poliomavírus. Os resultados sugerem que a citologia urinária ainda desempenha um papel no transplante renal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Publicado

2023-11-28

Como Citar

Gouvêa, A. L. F., Rabe Carvalho, F., Nascimento, A. L. R., Cosendey, R. I. J., de Melo Carvalho Nascimento, C. ., & Reis Almeida, J. . (2023). Existe Ainda um Papel para a Citologia Urinária no Transplante Renal? Relato de Experiência em um Hospital Universitário. Brazilian Journal of Transplantation, 26. Recuperado de https://bjt.emnuvens.com.br/revista/article/view/532

Edição

Seção

Relato de Caso