TROMBOSE RECORRENTE DE ARTÉRIA HEPÁTICA ASSOCIADA À POSITIVIDADE DE ANTICORPO ANTICARDIOLIPINA NO PÓS-OPERATÓRIO DE TRANSPLANTE DE FÍGADO: RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA
DOI:
https://doi.org/10.53855/bjt.v16i3.165Palavras-chave:
Artéria Hepática, Transplante Hepático, Anticorpos, AnticardiolipinaResumo
Introdução: A trombose de artéria hepática é uma complicação frequente no pós-transplante hepático (varia de 2,0- 20%), ocorrendo precocemente (30 dias após transplante) em 46,7% das vezes, e necessitando novo transplante em aproximadamente metade dos casos (53,1%). A síndrome antifosfolípide é definida como presença de trombose arterial e/ou venosa associada a anticorpos contra fosfolipídios. A incidência de SAF foi estimada em cinco novos casos/ 100000 pessoas/ ano. A ocorrência de trombose precoce de artéria hepática pós-transplante secundária à síndrome antifosfolípide é evento raro. Métodos: Relato de caso de um paciente submetido a três transplantes hepáticos por trombose de artéria associada à positividade de anticorpo anticardiolipina. Resultados: Paciente masculino, 49 anos, cirrótico por vírus C, sem antecedentes pessoais trombóticos, incluído em lista de transplante hepático por apresentar à tomografia computadorizada, nódulo de 4,2cm no segmento VI hepático compatível com Carcinoma Hepatocelular. Submetido a transplante hepático sob a técnica de Piggy Back. Apresentou ao Ultrassom Doppler de controle, ausência de f luxo em artéria hepática, confirmado por angiotomografia. Submetido a novo transplante no 13º dia pós-operatório. Nova tomografia de abdome não identificou f luxo arterial intra-hepático, e evidenciou extensa área de infarto no terceiro pós-operatório. Iniciada investigação de trombofilias, com positividade para pesquisa do anticorpo anticardiolipina. Submetido a terceiro transplante hepático, quando foi optado pela confecção de anastomose aorto-íliaco-hepática, através da interposição de enxerto de artéria ilíaca do doador. Paciente com boa evolução clínica, apresentando f luxo arterial intra-hepático aos exames de imagem de controle. Recebeu alta hospitalar no 10º dia pós-operatório. Discussão e Conclusão: Mortalidade por trombose precoce de artéria hepática de 33,3%; tempo médio de diagnóstico em torno de sete dias; principais fatores de risco (tempo operatório prolongado, baixo peso do receptor, discordância entre sorologia do doador e receptor para CMV). Encontrada correlação entre IgM anticardiolipina e eventos trombóticos (p= 0.004). Achados sugerem que a anticardiolipina está elevada em pacientes com insuficiência hepática e pode estar associada à patogênese da trombose arterial. Não há na literatura consenso sobre o uso profilático de anticoagulantes nesses casos.