O EMPREGO DO BALÃO DE SEGSTAKEN-BLAKEMORE PODE EVITAR O BLOQUEIO DO EFLUXO VENOSO POR TORÇÃO DO FÍGADO IMPLANTADO
DOI:
https://doi.org/10.53855/bjt.v18i3.131Palavras-chave:
Transplante de Fígado, Oclusão com Balão, Torção MecânicaResumo
O transplante de fígado de tamanho reduzido pode acarretar aumento de risco, levando à obstrução venosa hepática. O transplante de fígado de tamanho reduzido utilizando redução ou divisão do enxerto ex-vivo tornou-se um procedimento padrão em crianças. Alguns casos foram descritos na literatura após uso bem sucedido do balão de Sengstaken-Blakemore na vigência de obstrução do efluxo venoso. Seu uso em transplante total ortotópico de fígado (TTOF) foi pouco relatado. O objetivo deste trabalho foi relatar o manejo bem sucedido da obstrução venosa aguda após TTOF utilizando um tubo de Sengstaken-Blakemore inserido na fossa hepática direita sob o fígado. Relato de Caso: Paciente de 51 anos de idade com cirrose hepática por vírus C e alcoolismo, Child-Pugh “C’, com escore MELD=24, foi submetido a TTOF pela técnica piggy-back. A proporção do peso corporal do doador e do receptor foi de 1,38 (65/90 kg). O peso do receptor do fígado foi de 1.152g e o fígado do doador foi de 992g. Após a reperfusão, observou-se obstrução do efluxo venoso supra-hepático com resolução total após rotação no sentido horário do enxerto, porém redução do fluxo venoso após novo deslocamento do fígado para a fossa hepática direita e redução da pressão arterial média. Após cinco tentativas, um tubo Sengstaken-Blakemore foi inserido no espaço subfrênico direito e os balões gástricos e esofágicos foram inflados para manter o enxerto na posição da linha média, com normalização da pressão arterial média e do efluxo venoso com o fígado melhorando sua coloração e consistência. Embora os dados sobre as medidas hemodinâmicas tenham sido mantidos durante o período da UTI, realizou-se ultrassonografia Doppler diária para observar o fluxo venoso mantido. No quarto dia, o balão gástrico foi desinsuflado e nenhuma anormalidade sistêmica foi detectada. O balão de Sengstaken-Blakemore com balões desinflados foi removido aplicando-se ligeira tração. Posteriormente, realizou-se estudo ecográfico para demonstrar o fluxo venoso mantido e o fígado numa posição hemodinamicamente correta, sem interferência mecânica na saída venosa hepática. O paciente teve alta e estão em boas condições. Conclusão: O tubo de Sengstaken-Blakemore foi uma boa ferramenta para melhorar o efluxo venoso do fígado devido a problemas de torção do fígado na fossa hepática direita, e pode evitar reoperações.