Infecções Bacterianas e Fúngicas em Pós-Operatório de Transplante Hepático e Sua Relação com Doador
Palabras clave:
Transplante de Fígado, Infecções, Doador de ÓrgãosResumen
Introdução: Infecções nosocomiais continuam sendo uma causa significativa de desfechos adversos após o transplante de fígado. Infecções relacionadas ao doador são raras, mas potencialmente fatais nesse contexto. Infecções bacterianas e fúngicas estão entre as formas mais comuns de infecções relacionadas ao doador. Dada a escassez de órgãos e o elevado número de pacientes na lista de espera, é crucial determinar se o uso de órgãos de doadores com culturas positivas é prejudicial ou viável. Objetivos: Avaliar a incidência e o impacto das infecções em geral, do uso de doadores com culturas positivas e das infecções relacionadas ao doador nos desfechos do transplante hepático. Métodos: Este estudo observacional retrospectivo foi realizado no Hospital Geral da Universidade de Campinas. Foram revisados os prontuários digitais de todos os receptores de transplante hepático entre abril de 2021 e janeiro de 2024 para identificar culturas positivas, registros de infecção no momento da cultura positiva e culturas dos doadores. Considerou-se infecção relacionada ao doador presente quando os pacientes desenvolveram infecção pelo mesmo agente isolado do doador, desde que não estivessem previamente colonizados. Curvas de Kaplan-Meier foram utilizadas para definir a sobrevida, com o teste de Breslow para comparação entre os grupos com ou sem infecção e com ou sem culturas positivas dos doadores. Resultados: Foram realizados 90 transplantes de fígado em 86 pacientes. Entre os 90 doadores, nove (10%) apresentaram culturas positivas, e quatro (4,4%) atenderam aos critérios para infecção da corrente sanguínea. Entre os receptores, 26 (30,2%) desenvolveram infecções com culturas positivas nos 60 dias após o transplante hepático. Nenhuma infecção nos receptores foi relacionada aos doadores. Não houve diferença na mortalidade entre aqueles que receberam fígados de doadores com culturas positivas e aqueles com culturas negativas. Além disso, não foi observada diferença na mortalidade entre os que desenvolveram infecções e os que não desenvolveram. O tempo de permanência na unidade de terapia intensiva foi maior nos receptores que desenvolveram infecções. Conclusão: As infecções continuam sendo uma causa importante de morbidade pós-operatória entre receptores de transplante hepático, justificando a preocupação com as infecções relacionadas ao doador. No entanto, doadores com culturas positivas podem ser adequados para transplante quando não há sepse evidente no momento da captação do órgão. O desenho deste estudo é limitado, sendo necessário confirmar esses achados com estudos prospectivos adicionais.
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