Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial no Diagnóstico e Manejo da Hipertensão após o Transplante Renal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.53855/bjt.v25i4.487

Palavras-chave:

Pressão Arterial, Transplante de Rim, Insuficiência Renal Crônica

Resumo

Objetivo: Avaliar o comportamento da pressão arterial (PA) à monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) em receptores de transplante renal (TxR) estáveis, confrontando seus achados com as aferições manuais. Método: Estudo transversal incluindo 44 receptores de TxR de hospital público quaternário, com função renal estável, entre o 3o e 6o mês pós-TxR. Análises de concordância entre medida convencional e MAPA foram realizadas considerando dois limites de normalidade: limites I: PAambulatorial < 130/80 mmHg e PA média total à MAPA < 125/75 mmHg; limites II: PA ambulatorial < 140/90 mmHg e PA média total à MAPA < 130/80 mmHg. Resultados: Predominaram homens (54,5%) com idade média de 44 anos, em uso de anti-hipertensivos (75%). A prevalência de hipertensão arterial sistêmica (HAS) mascarada considerando os limites I foi de 15,9% quando comparada à aferição mais próxima à MAPA, e 31,8% quando confrontada com a média das três aferições prévias à MAPA.Considerando os limites II, a HAS mascarada ocorreu em 22,7% quando comparada com a aferição mais próxima à MAPA e em 38,6% quando se utilizou a média das aferições.Comprometimento do descenso noturno ocorreu em 40 (90,9%) pacientes. Considerando a MAPA como padrão-ouro, a acurácia da aferição manual mais próxima à monitorização foi de 72,7% para limites I. Quando considerada a média das aferições, a acurácia foi de 56,8% para os mesmos limites. A acurácia de acordo com os limites II foi 68,2% e 54,6% para a medida mais próxima à MAPA e para a média das aferições, respectivamente. Houve pobre concordância diagnóstica entre MAPA e medidas ambulatoriais (Kappa = 0,095 a 0,374). Os valores dos coeficientes lineares (R) para pressões sistólicas foram 0,609 e 0,671 para primeira aferição mais próxima à MAPA e para a média das aferições, respectivamente. Tais coeficientes para pressões diastólicas foram 0,521 e 0,454, respectivamente. Conclusão: Houve baixa concordância entre as aferições manuais e a MAPA, especialmente quanto à PA diastólica. A maioria dos pacientes apresentou descenso noturno alterado. Esses dados indicam a utilidade da MAPA na abordagem da HAS dessa população, além de oferecer informações adicionais quanto ao comportamento circadiano da PA.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Sarnak MJ, Levey AS, Schoolwerth AC, Coresh J, Culleton B, Hamm LL et al. Kidney disease as a risk factor for development of cardiovascular disease: A statement from the American Heart Association Councils on kidney in cardiovascular disease, high blood pressure research, clinical cardiology, and epidemiology and prevention. Circulation. 2003;108(17):2154-69. https://doi.org/10.1161/01.CIR.0000095676.90936.802. DOI: https://doi.org/10.1161/01.CIR.0000095676.90936.80

Sega R, Facchetti R, Bombelli M, Cesana G, Corrao G, Grassi G, Mancia G. Prognostic value of ambulatory and home blood pressures compared with office blood pressure in the general population: Follow-up results from the Pressioni Arteriose Monitorate e Loro Associazioni (PAMELA) study. Circulation. 2005;111(14):1777-83. https://doi.org/10.1161/01.CIR.0000160923.04524.5B3. DOI: https://doi.org/10.1161/01.CIR.0000160923.04524.5B

Lovibond K, Jowett S, Barton P, Caulfield M, Heneghan C, Hobbs FD et al. Cost-effectiveness of options for the diagnosis of high blood pressure in primary care: A modelling study. Lancet. 2011;378(9798):1219-30. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)61184-74. DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)61184-7

Gaziano TA. Accurate hypertension diagnosis is key in efficient control. Lancet. 2011;378(9798):1199-200. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)61299-35. DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)61299-3

Bonafini S, Fava C. Home blood pressure measurements: Advantages and disadvantages compared to office and ambulatory monitoring. Blood Press. 2015;24(6):325-32. https://doi.org/10.3109/08037051.2015.10705996. DOI: https://doi.org/10.3109/08037051.2015.1070599

Lee MH, Ko KM, Ahn SW, et al. The impact of kidney transplantation on 24-hour ambulatory blood pressure in end-stage renal disease patients. J Am Soc Hypertens. 2015;9(6):427-34. https://doi.org/10.1016/j.jash.2015.04.0017. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jash.2015.04.001

[V Brazilian guidelines for ambulatory monitoring of arterial pressure and III Brazilian guidelines for home monitoring of blood pressure]. J Bras Nefrol. 2011;33(3):365-88. https://doi.org/10.1590/S0101-280020110003000138.

Marinho AWGB, Penha AP, Silva MT, Galvão TF. Prevalence of chronic renal disease among Brazilian adults: A systematic review. Cad Saúde Colet. 2017;25(3):379-88. https://doi.org/10.1590/1414-462X2017000301349. DOI: https://doi.org/10.1590/1414-462x201700030134

Henny FC, Kleinbloesem CH, Moolenaar AJ, Paul LC, Breimer DD, van Es LA. Pharmacokinetics and nephrotoxicity of cyclosporine in renal transplant recipients. Transplantation. 1985;40(3):261-5. https://doi.org/10.1097/00007890-198509000-0000810. DOI: https://doi.org/10.1097/00007890-198509000-00008

Juurlink DN, Mamdani MM, Lee DS, Kopp A, Austin PC, Laupacis A, Redelmeier DA. Rates of hyperkalemia after publication of the Randomized Aldactone Evaluation Study. N Engl J Med. 2004;351(6):543-51. https://doi.org/10.1056/NEJMoa04013511. DOI: https://doi.org/10.1056/NEJMoa040135

Cross NB, Webster AC, Masson P, O’Connell PJ, Craig JC. Antihypertensive treatment for kidney transplant recipients. Cochrane Database Syst Rev. 2009;2009(3):CD003598. https://doi.org/10.1002/14651858.CD003598.pub212. DOI: https://doi.org/10.1002/14651858.CD003598.pub2

Khosla N, Kalaitzidis R, Bakris GL. The kidney, hypertension, and remaining challenges. Med Clin North Am. 2009;93(3):697-715. https://doi.org/10.1016/j.mcna.2009.02.00113. DOI: https://doi.org/10.1016/j.mcna.2009.02.001

Banegas JR, Ruilope LM, de la Sierra A, Vinyoles E, Gorostidi M, de la Cruz JJ et al. Relationship between clinic and ambulatory blood-pressure measurements and mortality. N Engl J Med. 2015;378(16):1509-20. https://doi.org/10.1056/NEJMoa171223114. DOI: https://doi.org/10.1056/NEJMoa1712231

Mallamaci F, D’Arrigo G, Tripepi R, Leonardis D, Porto G, Testa A et al. Office, standardized and 24-h ambulatory blood pressure and renal function loss in renal transplant patients. J Hypertens. 2018;36(1):119-25. https://doi.org/10.1097/HJH.000000000000153015. DOI: https://doi.org/10.1097/HJH.0000000000001530

Wen KC, Gourishankar S. Evaluating the utility of ambulatory blood pressure monitoring in kidney transplant recipients. Clin Transplant. 2012;26(5):E465-70. https://doi.org/10.1111/ctr.1200916. DOI: https://doi.org/10.1111/ctr.12009.

Fernandez Fresnedo G, Franco Esteve A, Gómez Huertas E, Cabello Chaves V, Díz Gómez JM, Osorio Moratalla JM et al. Ambulatory blood pressure monitoring in kidney transplant patients: RETENAL study. Transplant Proc. 2012;44(9):2601-2. https://doi.org/10.1016/j.transproceed.2012.09.03717. DOI: https://doi.org/10.1016/j.transproceed.2012.09.037

Zucchelli P, Santoro A, Zuccala A. Genesis and control of hypertension in hemodialysis patients. Semin Nephrol. 1988;8(2):163-8.

Grezzana GB, Moraes DW, Stein AT, Pellanda LC. Impact of different normality thresholds for 24-hour ABPM at the primary health care level. Arq Bras Cardiol. 2017;108(2):143-8. https://doi.org/10.5935/abc.2016020419. DOI: https://doi.org/10.5935/abc.20160204

Ahmed A, Ozorio V, Farrant M, Van Der Merwe W. Ambulatory vs office blood pressure monitoring in renal transplant recipients. J Clin Hypertens (Greenwich). 2015;17(1):46-50. https://doi.org/10.1111/jch.1244820. DOI: https://doi.org/10.1111/jch.12448

Powers BJ, Olsen MK, Smith VA, Woolson RF, Bosworth HB, Oddone EZ. Measuring blood pressure for decision making and quality reporting: Where and how many measures? Ann Intern Med. 2011;154(12):781-8. https://doi.org/10.7326/0003-4819-154-12-201106210-0000521. DOI: https://doi.org/10.7326/0003-4819-154-12-201106210-00005

Drawz PE, Alper AB, Anderson AH, Brecklin CS, Charleston J, Chen J et al. Masked hypertension and elevated nighttime blood pressure in CKD: Prevalence and association with target organ damage. Clin J Am Soc Nephrol. 2016;11(4):642-52. https://cjasn.asnjournals.org/content/11/4/642 DOI: https://doi.org/10.2215/CJN.08530815

Publicado

2022-12-23 — Atualizado em 2023-08-09

Versões

Como Citar

Paes, F. J. V. N., Albuquerque, F. D. A., Maciel, V. F., Abreu, J. S. de, Costa, S. D. da, Esmeraldo, R. de M., & Sandes-Freitas, T. V. de. (2023). Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial no Diagnóstico e Manejo da Hipertensão após o Transplante Renal. Brazilian Journal of Transplantation, 25(4). https://doi.org/10.53855/bjt.v25i4.487 (Original work published 23º de dezembro de 2022)

Edição

Seção

Artigo Original