RESOLUÇÃO DE DISFUNÇÃO PRECOCE GRAVE DE ENXERTO HEPÁTICO EM PACIENTE PEDIÁTRICO COM USO DE N-ACETILCISTEÍNA: RELATO DE CASO
DOI:
https://doi.org/10.53855/bjt.v24i2.20Palavras-chave:
Acetilcisteína, Disfunção Primária do Enxerto, Sobrevivência de Enxerto, Transplante Hepático, PediatriaResumo
A disfunção precoce de enxerto hepático consiste em uma síndrome multifatorial caracterizada por alterações clínicas e laboratoriais associadas à alta morbidade nos primeiros dias pós-transplante. Relacionada à lesão de isquemia e reperfusão do fígado, pode levar em sua forma mais grave a alterações sistêmicas abruptas. Apesar de ser um quadro grave, as alterações podem ser transitórias, possibilitando recuperação do enxerto hepático. Sua ocorrência em população pediátrica é rara. A N-acetilcisteína, comumente utilizada no tratamento de hepatotoxicidade secundária à overdose por paracetamol, tem surgido como alternativa eficaz na melhora clínica de pacientes transplantados com má função de enxerto. Relatamos um caso de paciente do sexo masculino, dois anos, submetido a transplante de fígado por atresia de vias biliares, sem intercorrências intraoperatórias. Evoluiu com quadro de disfunção precoce grave de enxerto no segundo dia pós-operat óio, sem boa resposta às medidas de suporte, cogitando-se indicação de retransplante. Foi iniciada administração de n-acetilcisteína, dosagem de 100mg três vezes ao dia, progredindo com melhora clínica significativa, sobretudo da função hepática. O acompanhamento de dados clínicos e laboratoriais de pacientes no período pós-transplante é fundamental, tendo em vista riscos e graves repercussões da disfunção precoce do enxerto hepático. A N-acetilcisteína é uma droga que tem sido relatada atuando no aumento da oferta de oxigênio tecidual e na remodelação dos hepatócitos, a partir da recuperação dos níveis de glutationa. Os efeitos em pacientes com disfunções hepáticas pós -transplante têm sido promissores nos poucos relatos científicos de seu uso, como o caso em questão.