USO DE ENXERTOS RENAIS DE DOADORES FALECIDOS COM LESÃO AGUDA POR RABDOMIÓLISE É POSSÍVEL?
DOI:
https://doi.org/10.53855/bjt.v20i4.91Palavras-chave:
Transplante Renal, Rabdomiólise, Doação de Órgãos, Lesão Renal AgudaResumo
Introdução: Transplante de rim (TR) é a terapêutica de escolha para doença renal terminal. A universal desproporção entre demanda para TR e doadores disponíveis exige o desenvolvimento de novas estratégias para aumento da oferta de enxertos renais. Entre estas, citam-se o aumento de TR intervivos e o uso de doadores falecidos com critérios expandidos (DCE). Enxertos com lesão renal aguda (LRA) representam uma das situações de DCE, e sua utilização persiste sendo tema controverso diante da incerteza da reversão da lesão renal pós-TR. Rabdomiólise (RB) é a causa de 7 a 10% dos enxertos com LRA e decorre da liberação de mioglobina na circulação e consequente lesão tubular por mecanismos diversos. Objetivos: Motivados por oferta recente de enxerto renal com RB e posterior não autorização de uso pela Organização de Procura de Órgãos, os autores objetivaram revisar a literatura sobre a viabilidade de TR de doador falecido com RB. Métodos: Revisão da literatura do banco de dados Medline usando descritores específicos, no período de 2000 a 2018. Resultados: Sete artigos demonstraram experiências com total de 51 TR de enxertos com RB. Dos 29 doadores com RB, 20,7% encontravam-se em hemodiálise no momento da doação e a mediana da creatinina era de 3,9 mg/dl. TR com doadores em RB apresentaram função retardada do enxerto em 35,3% dos casos, mas um mês após a cirurgia, os rins mostraram recuperação total e função normal, confirmadas por biópsia. Conclusão: Não há critérios brasileiros bem estabelecidos para uso de enxertos renais com RB, mas estudos atuais demonstram bons resultados e recuperação da função renal na grande maioria desses casos. Por enquanto, o aproveitamento de enxertos renais com RB deveria ficar a critério e julgamento de cada equipe.