Transplante Hepático na Síndrome Hepatopulmonar

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Palavras-chave:

Transplante Hepático, Síndrome Hepatopulmonar, Fígado

Resumo

Introdução: A síndrome hepatopulmonar [hepatopulmonary syndrome (HPS)] resulta da associação entre doença hepática, dilatações vasculares intrapulmonares e hipoxemia, configurando complicação relevante da cirrose. O transplante hepático [liver transplantation (LT)] é o único tratamento curativo; no entanto, pacientes com HPS apresentam maior risco de mortalidade na espera, motivo pelo qual recebem pontos de exceção no escore Model for End-Stage Liver Disease (MELD). Objetivos: Avaliar se o LT melhora o prognóstico e a sobrevida de pacientes com HPS. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. A busca foi conduzida nas bases PubMed, LILACS e Cochrane utilizando os descritores “Liver transplantation”, “Hepatopulmonary syndrome” e “Liver”. Dos 272 artigos identificados, 13 atenderam aos critérios de elegibilidade e foram incluídos na análise final. A extração de dados contemplou características demográficas e clínicas, incluindo média de idade, distribuição por sexo, principais etiologias da doença hepática, escore MELD/Pediatric End‐Stage Liver Disease (PELD) médio e valores médios de PaO₂ e PaCO₂. Resultados: Pacientes com PaO₂ < 45 mmHg apresentam maior probabilidade de serem priorizados na lista de transplante [hazard ratio (HR) 1,51; p = 0,007)], embora esses também apresentem menor sobrevida no pós-transplante quando comparados àqueles com PaO₂ ≥ 45 mmHg. No contexto pediátrico, dados provenientes de um estudo observacional realizado nos Estados Unidos indicaram que crianças com HPS apresentaram maior risco de mortalidade após o LT em comparação com aquelas sem HPS. Em um estudo de coorte prospectivo, pacientes transplantados com HPS permaneceram em ventilação mecânica por uma média de 19,5 ± 4,3 horas, significativamente superior às 12,5 ± 3,3 horas observadas em pacientes sem HPS. Conclusão: O LT constitui a única terapia curativa para a HPS. A gravidade da hipoxemia está associada a piores desfechos pós-transplante, ressaltando a necessidade de estratificação adequada da HPS. Entretanto, embora útil na estimativa da mortalidade hepática, o escore MELD/PELD não capta de forma precisa a severidade dessa síndrome.

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Referências

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Publicado

2025-12-15

Como Citar

1.
Santini MC, Lucena O, Schwambach B, Barbosa L, Cardoso L, Ribeiro L, et al. Transplante Hepático na Síndrome Hepatopulmonar. bjt [Internet]. 15º de dezembro de 2025 [citado 16º de dezembro de 2025];28. Disponível em: https://bjt.emnuvens.com.br/revista/article/view/732

Edição

Seção

Artigo de Revisão