PRESSÃO INTRA-ABDOMINAL NO TRANSPLANTE HEPÁTICO: SÉRIE PROSPECTIVA DE CASOS
DOI:
https://doi.org/10.53855/bjt.v24i1.5Palavras-chave:
Hipertensão Intra-abdominal, Transplante de Fígado, Lesão Renal AgudaResumo
Introdução: A hipertensão intra-abdominal (HIA) é uma complicação bastante frequente em pacientes críticos, que pode desencadear disfunção orgânica e mortalidade. O transplante de fígado produz diversos fatores de risco para a HIA e esse fenômeno pode subsidiar importantes informações sobre o desenvolvimento da lesão renal aguda (LRA) no pós-operatório precoce nesse grupo de doentes. Objetivo: Quantificar a pressão intra-abdominal (PIA), caracterizar a prevalência da HIA e avaliar a associação da HIA com a LRA nos receptores do transplante hepático. Métodos: Trata-se de um estudo observacional e analítico, realizado prospectivamente durante a pandemia do SARS-COV-2, composto por amostra de conveniência que incluiu pacientes submetidos ao transplante ortotópico de fígado, divididos em grupo H (PIA >12 mmHg) e grupo N (PIA <12 mmHg). Foi realizada uma recategorização para adequação do tamanho da nova amostra. Resultados: Foram realizados 16 transplantes de fígado, durante o período proposto do estudo, dos quais sete pacientes foram incluídos nesta análise. No total, 46 medidas da PIA foram executadas na amostra deste estudo. O índice de massa corporal, o Model for End-Stage Liver Disease Sodium (MELD-Na), o volume da ascite e a síndrome da reperfusão não distinguiram entre os grupos H e N. A PIA mediana foi de 10,5 mmHg, imediatamente após o transplante, com redução para 8.5 mmHg decorridas 48 horas. O perfil hemodinâmico foi bastante semelhante entre os grupos, entretanto houve maior uso de drogas vasoativas no grupo N e de fluidos intravasculares no grupo H. Conclusão: Não houve associação entre a LRA nos pacientes acometidos com HIA após o transplante hepático. Esse resultado pode não refletir com fidedignidade a relação da LRA e a HIA nessa população, devido ao poder da amostra dessa análise. Não foi possível estabelecer diferenças significativas entre os grupos H e N e a prevalência da HIA restringiu-se a níveis brandos. Os resultados sobre manejo hemodinâmico apoiam uma perspectiva mais otimista em relação ao uso de drogas vasoativas em detrimento ao uso irrestrito de fluidos intravasculares.