ANÁLISE DA ERA CLÍNICA DO TRANSPLANTE INTESTINAL E MULTIVISCERAL
DOI:
https://doi.org/10.53855/bjt.v11i2.295Palavras-chave:
Intestino Delgado, Transplante, Imunossupressão, Rejeição de EnxertoResumo
Introdução: A casuística de doentes tratados com Transplante de Intestino e Multivisceral tem aumentado nos últimos anos. O refinamento de técnicas cirúrgicas, o avanço no tratamento após o transplante e uma melhor compreensão da imunologia do intestino são os principais fatores que levaram este procedimento inicialmente experimental à prática clínica. Além do mais, ocorreram progressos na terapia de imunossupressão, monitoramento e tratamento da rejeição do enxerto, controle das infecções virais e prevenção e tratamento da doença linfoproliferativa pós-transplante. As principais indicações são doenças que levam à Síndrome do Intestino Curto, caracterizadas por má absorção de água e nutrientes em decorrência de extensas ressecções. Em crianças, as principais indicações são: gastroquise (21%), volvo (18%) e enterocolite necrotizante (12%). Nos adultos, há predominância de complicações vasculares como infarto mesentérico isquêmico ou hemorrágico (22%), doença de Crohn (13%) e trauma (12%). Nessas situações, há necessidade de suporte de vida pela nutrição parenteral. Com o tempo, ocorre trombose dos acessos venosos profundos e infecção do cateter de longa permanência. Objetivo: analisar as características e os resultados dos transplantes de intestino e multivisceral na era clínica. Método: Extensa revisão bibliográfica com artigos indexados no Medline e Lilacs até o mês de janeiro 2009. Resultados: Nos últimos 20 anos, os resultados do Transplante de Intestino e Multivisceral têm apresentado melhora progressiva de sobrevivência em um ano de doentes e enxertos, obtendo-se índices de sucesso de até 80%. A rejeição celular aguda de enxertos intestinais ocorreu mais freqüentemente e com maior gravidade quando comparado a qualquer outro órgão abdominal. Houve um decréscimo significativo na incidência de rejeição grave quando foi usado enxerto multivisceral particularmente em crianças e o uso de terapia de indução de imunossupressão contribuiu para uma diminuição das taxas de rejeição. As principais causas de morte na fase inicial ou tardia de Transplante de Intestino foram sepse e rejeição. Conclusões: No nosso meio, o desenvolvimento do Transplante de Intestino deve ocorrer e ter como objetivo atingir os mesmos resultados internacionais, realidade de outras modalidades de transplante no Brasil.