MICA: UMA MOLÉCULA SECUNDÁRIA DE HISTOCOMPATIBILIDADE COM PAPEL NA REJEIÇÃO E NA IMUNOTOLERÂNCIA
DOI:
https://doi.org/10.53855/bjt.v11i2.294Palavras-chave:
Anticorpos, Antígenos de Histocompatibilidade Menor, Transplante, Rejeição de Enxerto, Tolerância ImunológicaResumo
O gene MICA (Major histocompatibility complex class I chain-related gene A) codifica moléculas que apresentam similaridades estruturais com os antígenos HLA de classe I. No entanto, as moléculas MICA não se ligam à β2-microglobulina, nem apresentam peptídeos aos linfócitos T. A transcrição dessas moléculas é induzida em condições de estresse celular. São expressas predominantemente na superfície de fibroblastos, células endoteliais e epiteliais, além de células tumorais. São moléculas que interagem com o receptor NKG2D presente em células NK e em linfócitos Tγδ e Tαβ CD8+, induzindo citotoxicidade. Por ser um sistema polimórfico, está envolvido em respostas aloimunes. Essas moléculas têm se revelado importantes no contexto dos transplantes de órgãos e de tecidos, induzindo a formação de aloanticorpos e participando de processos de rejeição, independentemente de anticorpos anti-HLA. Recentemente, demonstrou-se que moléculas MICA solúveis (sMICA) participam da evasão da resposta imune no contexto dos tumores e da gestação. Este artigo revisa a biologia das moléculas MICA, a importância clínica dos anticorpos anti-MICA em transplantes e discute as evidências do potencial de indução de imunotolerância das moléculas sMICA, ainda pouco exploradas clinicamente nos transplantes e em doenças com envolvimento do sistema imune.