DESSENSIBLIZAÇÃO NO TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS: RELATO DE CASO
Palavras-chave:
Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas, Dessensibilização Imunológica, Antígenos HLA, PlasmaféreseResumo
Objetivo: A presença de anticorpos anti-HLA (antígeno leucocitário humano) tem sido correlacionada com a falha do enxerto de órgãos e tecidos transplantados, demonstrando a importância da triagem desses anticorpos antes do transplante. O objetivo do estudo é relatar o protocolo de dessensibilização utilizado para tratamento pré-transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) em pacientes previamente sensibilizados. Métodos: Relato de caso de dois pacientes com altos títulos de anticorpos específicos ao antígeno leucocitário humano (HLA) submetidos a um protocolo de dessensibilização para TCTH alogênico em um centro de referência no sul do Brasil. O protocolo de dessensibilização utilizou rituximabe e plasmafárese (PLEX), três vezes por semana, com reposição de imunoglobulina humana (IVIg), após cada sessão. Resultados: O primeiro paciente apresentou painel de reatividade contra anticorpos classe I (PRA-I) de 97%, com 20 anticorpos altamente reativos e DSA indetectável. A decisão pela realização da dessensibilização foi para facilitar a transfusão de plaquetas durante o TCTH. O protocolo foi concluído após nove sessões de plasmafárese (PLEX), resultando em uma redução no PRA-I de 71%, sem detecção de nenhum anticorpo altamente reativo. O segundo paciente apresentou escore PRA-I de 53% e PRA classe II (PRA-II) de 99%, incluindo 16 anticorpos altamente reativos e DSA contra os dois possíveis doadores. Após a nona sessão de PLEX, o tratamento foi intensificado atá o final das 19 sessões. Ao final do protocolo, PRA-I e PRA-II foram reduzidos para 0% e 87%, respectivamente, com presença persistente de apenas dois anticorpos altamente reativos e nenhum DAS detectável. Conclusão: A dessensibilização e a transfusão de plaquetas com doador selecionado garantiram um suporte de transfusional mais adequado em um paciente com doador HLA idêntico e refratariedade à transfusão de plaquetas por anticorpos HLA, e o monitoramento de PRA e a triagem de DSA foram essenciais para definir o regime de dessensibilização apropriado em um paciente com DSAs e doador haploidêntico, reduzindo assim os riscos do TCTH.