TRANSPLANTE RENAL EM IDADE PEDIÁTRICA - 35 ANOS DE EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO DE REFERÊNCIA

Resumo

Introdução: Analisar a experiência em transplantação renal pediátrica do Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP). Métodos: Estudo observacional retrospectivo single center, com inclusão dos doentes pediátricos submetidos a transplante renal entre janeiro de 1984 e novembro de 2019, na Unidade de Transplantação Renal do CHUP. Resultados: Efetuaram- se 165 transplantes renais, no total de 157 doentes com idade inferior a 18 anos. Cento e cinquenta e um enxertos provieram de dador cadáver versus 14 de dador vivo. Realizaram-se 21 transplantes preemptive, estando a maioria dos doentes previamente sob técnica dialítica (50% exclusivamente em diálise peritoneal). O tempo mediano de espera em técnica dialítica para transplante foi de 10 meses. Noventa e dois (59%) doentes eram do gênero masculino, com idade mediana à data da intervenção de 13 anos (3 - 18). A principal etiologia da doença renal foi as anomalias congênitas do rim e do trato urinário (CAKUT) registadas em 58%. Os dadores tinham idade mediana de 17 anos (1 - 58) e creatinina sérica terminal 1,00 mg/dL (0,30 - 2,10). A duração do internamento hospitalar foi 14 dias (4 - 60). Registaram-se 24 episódios de necrose tubular pós-transplante e 35 de rejeição aguda. A sobrevida do enxerto renal e do doente foi de 94%, 87%, 77% e 62% e de 99%, 98%, 98% e 93% aos 1, 5, 10 e 20 anos, respectivamente. A análise por subgrupos de décadas documentou taxas crescentes de sobrevida (p-value <0.001). Conclusão: Os resultados obtidos corroboram a literatura e afirmam uma excelente sobrevida associada ao transplante renal pediátrico. Apesar de serem necessários estudos multicêntricos de maior impacto, esta análise retrata de forma holística a realidade nacional da modalidade.