APLICABILIDADE DO ÍNDICE DE VARIAÇÃO DO MEDICAMENTO (MLVI) EM TRANSPLANTE HEPÁTICO DE ADULTOS E ASSOCIAÇÃO COM TAXAS DE REJEIÇÃO DO ENXERTO
DOI:
https://doi.org/10.53855/bjt.v24i2.12Resumo
Introdução: O cálculo do índice de variação de tacrolimo através do MLVI (Medication Level Variability Index) está estabelecido em pacientes pediátricos transplantados de fígado, sendo útil no controle da adesão ao tratamento, associando valores de MLVI> 2,5 com rejeição hepática aguda do enxerto. Objetivo: Verificar a associação entre os valores de MLVI e rejeição em pacientes transplantados de fígado adultos. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo incluindo pacientes transplantados hepáticos maiores de 18 anos, de dezembro de 2012 a dezembro de 2017, em uso de tacrolimus por via oral. Para cálculo do MLVI, amostras ambulatoriais de nível sérico de tacrolimus foram usadas após um ano do transplante. Resultados: Foram transplantados 125 pacientes, dos quais 86 atenderam aos critérios de inclusão no estudo. O motivo mais frequente para o transplante foi infecção pelo vírus C (55,8%, n = 48). Rejeição foi identificada em 18,6% dos pacientes (n = 16). A média de MLVI entre pacientes com rejeição e sem rejeição foi de 2,5 e 2,1, respectivamente (RR = 0,95, IC: 0,4-2,1, p = 0,57). A frequência de complicações não imunológicas foi de 56,2% (n = 9) em pacientes com rejeição versus 62,8% (n = 44) em pacientes sem rejeição, a maioria deles com recorrência do vírus C (56,8%, n = 25). Conclusão: Embora o valor médio do MLVI tenha sido maior nos pacientes com rejeição, nossos dados não mostraram diferença estatística entre os dois grupos, o que difere de estudos anteriores em pacientes pediátricos. Maior número de complicações não imunes foi observado em pacientes sem rejeição. Os resultados sugerem que novos pontos de corte de MLVI devam ser explorados na população adulta.